segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ebós


Os Ebós são oferendas feitas para Orixás, Odús e outras divindades para diversas finalidades, sejam elas feitas para apaziguar algum problema, sejam feitas em forma de agradecimento de alguma graça atingida, por alcançar algum objectivo ou simplesmente como forma de agradar às divindades que se cultuam. O princípio do Candomblé baseia-se no Ebó, nas oferendas propiciatórias obtendo a redistribuição do Axé e mantendo o seu equilíbrio vital.
Abaixo seguem alguns Ebós que o poderão ajudar em algumas situações da sua vida, no entanto, sempre que possível, é preferível recorrer a alguém que tenha fundamento no Candomblé para os realizar de forma correcta.

Ebó para Ògún Para abrir caminhos, trazer dinheiro, prosperidade
1 inhame assado, 1 alguidar médio, 21 moedas correntes, 21 taliscas de mariô (folha de palmeira), 1 acaçá branco (bolinho de milho branco misturado com água, envolto em folha de bananeira), 1 acaçá vermelho (igual a acaçá branco, porém com farinha de milho amarela), azeite de dendê e mel.
Como Preparar: Asse o inhame na brasa. Se necessário, raspe um pouco para eliminar o excesso de negrume. Colocar dentro do alguidar. Vá enterrando os talos de mariô e chamando por Ogum, Faça o mesmo com as moedas. Coloque os acaçás, um em cada ponta do inhame. Regue com um pouco de dendê e mel, 1 pitada de sal. Acenda uma vela e faça os seus pedidos a Ogum. Deve-se colocar no muro, ao lado do portão, ou no chão, na entrada do portão. Se você morar num apartamento, coloque dentro da sua casa, atrás da porta de entrada. Deixe 7 dias e após, despachar aos pés de uma árvore frondosa.


Presente para OxumPara acalmar a pessoa amada5 batatas inglesas, mel, azeite doce, açúcar mascavo, 2 velas.
Como Preparar: Cozinhe as 5 batatas inglesas sem casca. Deixe esfriarem. Coloque um pouco de mel, azeite doce e açúcar mascavo em um prato de louça, vá amassando as batatas com as mãos e misturando tudo. Faça isso pensando na pessoa amada. Dê um formato de coração à massa. Acenda 2 velas amarelas de 30 cm ao lado. Ofereça a Oxum Aparà.


Ebó para Exú LonanAbrir Seus Caminhos, para tirar feitiço, olho-grande, inveja1 metro de pano vermelho, 1 alguidar médio, 7 velas brancas, 1 bife de boi cru, 7 moedas actuais, 7 búzios abertos, 1 farofa de dendê, com uma pitada de sal, 7 limões, 7 acaçás vermelhos, 7 ovos vermelhos, 1 obi.
Como Preparar: Abra o pano em sua frente. Acenda as velas. Passe o alguidar pelo seu corpo e coloque-o em cima do pano. Passe os ingredientes no corpo, pela ordem acima. Por último, abra o obi, e leve-o até a sua boca, fazendo seus pedidos. Deixe-o em cima do Ebó. Feche o pano. Este Ebó tem que ser despachado numa rua de muito movimento, onde tenha muitas casas comerciais.


Oferenda a ExúMaterial: Farinha; Azeite de dendê; Mel de abelhas; Farinha de milho branco; Fígado, coração e bofe de boi; Cebola; Camarão seco socado; Um alguidar.
Modo de fazer: Faça uma farofa com dendê, uma com mel e uma com água, separadamente. Faça o acaçá branco cozinhando a farinha de milho em água, deixe a massa bem consistente, depois coloque em um pedaço de folha de bananeira e enrole. Deixe esfriar. Corte os miúdos de boi em pedaços pequenos e coloque para refogar com dendê, cebola, um pouco de sal, o camarão e rodelas de cebolas. Coloque as farofas no alguidar sem misturar muito, ponha o refogado de miúdos sobre a farofa e coloque o acaçá no centro. Oferece-se para Exú pedindo o que se quer. Coloque numa praça bem movimentada.


Ebó Para Iansã - Oyá OniráMaterial Necessário:1 Abóbora moranga, 4 Búzios abertos, 4 Noz moscada, 4 Moedas, 4 Acarajés, 4 Metros de fitas vermelha / Branca, 1 Saco de pano.
Modo de Fazer: Fazer um buraco na abóbora, colocar o resto das coisas, depois de passadas no corpo. Tapar a abóbora, amarrar com fitas. Entregar a OYÁ ONIRA no alto de um morro, às 18:00 ou 24:00 horas, acender e pedir tudo de bom.

Ebó Para Resolver Problemas DifíceisMaterial Necessário:2 Acaçás Brancos, 2 Ovos Brancos, 2 Quiabos, 2 Moedas, 2 Conchas, 1 Oberó
Maneira de Fazer: Passa-se tudo no corpo e coloca-se num Oberó, colocar bastante mel e arriar numa praça e pedir a MEGE ou MEGIOKO que traga tudo de bom eem dobro. Este Ebó tem que ser feito com 2 pessoas, acompanhadas de duas crianças.Nota: Este Ebó só pode ser feito nas terças-feiras.

Ebós e banhos


Defumação para descarregar casa ou comércio:Misturar mirra, incenso, bejoim, aniz estrelado, breu, alecrim e alfazema e colocar num defumador aceso com carvão. Defumar do fundo da casa para a frente; no final, despachar num verde e deitar um copo de água por cima.

Defumação para abrir caminhos:Misturar num recipiente três colheres de açúcar, três colheres de café em pó, três colheres de canela moída e sete folhas de louro seco. Defumar a casa da frente para o fundo fazendo os seus pedidos. Aconselho a fazer a defumação para descarregar à noite e no dia seguinte, pela manhã, ao nascer do sol, fazer esta defumação para chamar dinheiro, freguesia e tudo que é bom.

Banho para descarregar o corpo:Colher pela manhã: levante, manjericão, alecrim, guaco, malva cheirosa, espada de são Jorge, espada de santa Catarina, orô, oito folhas de ameixa, um punhado de folhas de pitangueira, gervão, sete ramos de arruda, guiné, oito folhas de boldo e folhas de alfazema. Colocar numa panela grande e deixar a ferver por catorze minutos. Apague o lume e deixe arrefecer até ficar em boa temperatura para fazer o banho. Ponha o líquido sem as folhas num balde, entre na banheira ou no duche, colocando-se de pé dentro de uma bacia, vá despejando o conteúdo do balde por cima do corpo com uma caneca, faça os pedidos para os bons guias retirarem todos os males do vosso caminho etc. Peça a alguém para deitar a água do banho que ficou na bacia num verde ou em água corrente.
Nota: Este mesmo preparado pode ser utilizado para lavar a casa (do fundos para a frente) para descarregar. Neste caso, em vez de ferver, as ervas também podem ser maceradas, piladas, com água, o efeito é melhor ainda. Também encontrará estas ervas em bons mercados ou ervanárias, caso você não tenha como colhê-las você mesmo.

Banho para atrair bons fluidos:Misture dinheiro em penca, folhas de dólar, folhas de malva cheirosa, folhas de laranjeira, folhas de elefante, folhas de manjericão, folhas de fortuna, macere estas ervas com água e coe, misture um pouco de água quente para que a água fique numa boa temperatura para o banho. Coloque num balde entre na banheira ou no duche, colocando-se de pé dentro de uma bacia, vá despejando o conteúdo do balde por cima do corpo com uma caneca (nunca deite nenhum tipo de banho na cabeça). No final, despeje o conteúdo da bacia no seu quintal. Se quiser lavar a casa com este preparado deve lavar da frente para o fundo e despeje o resto no fundo do quintal.
Nota: Como é um banho para atrair bons fluidos não deve ser despachado do lado de fora do pátio ou da porta de casa, caso você more num apartamento, sugiro que deixe um vaso grande com plantas verdes numa área onde possa despejar estes banhos.

Banho para o amor:Cozinhar um quarto de quilo de canjica amarela com bastante água, após estar cozida, coar e colocar o líquido a ferver com folhas de pitangueira por mais dezasseis minutos. No final deste tempo, acrescente dezasseis gotas de um perfume a seu gosto, pétalas de uma rosa branca, uma vermelha e uma amarela. Tome o banho do pescoço para baixo. Ponha a canjica numa bandeja forrada com papel amarelo e leve a uma praça. Coloque debaixo de uma árvore e despeje o resto do banho em volta da bandeja, fazendo pedidos enquanto isso. Se puder , deixe um vela branca acesa.
Nota: Este banho é indicado para fazer antes de sair para festas ou lugares onde você quer chamar a atenção para o amor. Faça-o antes de receber o companheiro(a).

Xangô Aganjú Para passar em concursos e provas:01 gamela de madeira06 bananas catarinas01 vela vermelha01 vela branca01 vela marrom-mel-pedidos escritos 6 vezes
Pegue a gamela, coloque as bananas descascadas dentro da gamela, em baixo de cada uma o papel com o seu pedido, leve a um verde de preferência onde tenha uma pedra grande para você colocar a gamela em cima, escreva o seu nome em cada uma das velas e depois de colocar a simpatia sobre a pedra ,ascenda as velas e peça muita protecção e auxílio quando você estiver prestando à prova.



Para Xangô Agodô - Justiça01 gamela de madeira12 bananas catarinas03 maçãs (vermelhas)-fita branca-fita vermelha-mel-pedido escrito em uma folha de papel com caneta vermelha-1 vela de 7 dias branca e vermelha
Escreva o seu pedido em uma folha de papel com a caneta vermelha ,enrole o papel com a escrita para dentro, amarre com as fitas e coloque no centro da gamela, descasque as bananas e coloque-as sobre o papel, arrume-as para que você possa colocar no centro as três maçãs, regue com um pouquinho de mel e leve a um verde onde haja uma pedra, coloque a gamela sobre a pedra e peça a Xangô que lhe ajude a vencer este processo.
Para atrair um novo amor: Canela-em-pauCravo-da-índiaNoz-MoscadaFlor de LaranjeiraFolhas de PitangueiraPétalas de 1 Rosa VermelhaÓleo de AmêndoasÁgua
Ferva a canela, o cravo, a noz-moscada e as folhas de pitangueira. Apague o lume e acrescente as flores de laranjeira e as pétalas de rosas. Abafe e deixe arrefecer. Tome um banho higiénico, depois o banho atractivo do pescoço para baixo, mentalizando a pessoa que você deseja ter a seu lado; logo após, passe o óleo de amêndoas nas suas zonas erógenas, pedindo para que a pessoa amada permaneça sempre em seus braços.
Para aproximar quem está distante: 01 abafador de barro01 maçã01 par de alianças01 pedaço de favo de mel-fita vermelha-fita branca-algodão01 vela vermelha
Pegue o favo de mel, abra no meio com uma colher e escreva o nome do casal a lápis em um papel, dobre e coloque dentro do favo. Amarre as alianças com as fitas e amarre o favo também com estas fitas, faça um buraco na maçã com a colher, coloque o favo dentro, forre toda a maçã com bastante algodão, coloque dentro do abafador e regue com muito mel, tape o abafador, ascenda a vela ao lado, após a vela queimar plante esta simpatia em um vaso de folhagem, sem espinhos.


Magia para o amor: 01 vidro de boca larga, pelo qual possa passar uma maça inteira sem ferir a fruta;Uma maça bem bonita e vermelha;MelSete fitas de cores variadas, excepto preto.Uma vela brancaNome do casal.
Corte o tampo da maça e esvazie o miolo. Escreva no papel o nome do seu amor, por cima, escreva o seu próprio nome, tornando o primeiro ilegível. Ponha o papel dentro da maça, depois de fazer com ele um rolinho, despeje por cima um pouquinho de mel. Ponha no lugar o tampo da fruta e prenda-o amarrado à maça com as sete fitas, dando sete nós bem apertados. Se não usar as fitas prenda a tampa na maçã atravessando as duas partes com o galho, como se ele fosse uma flecha. Ponha a fruta dentro do pote e encha-o com mel; feche-o a seguir com a tampa.Na noite de Lua crescente ou cheia, enterre o vidro junto ao pé de uma árvore florida, acendendo a vela ao lado. Se preferir, guarde o vidro no fundo do seu guarda-roupa (onde ninguém a ache) ou mesmo enterre-o na entrada de sua casa.


Os Ebós são oferendas feitas para Orixás, Odús e outras divindades para diversas finalidades, sejam elas feitas para apaziguar algum problema, sejam feitas em forma de agradecimento de alguma graça atingida, por alcançar algum objectivo ou simplesmente como forma de agradar às divindades que se cultuam. O princípio do Candomblé baseia-se no Ebó, nas oferendas propiciatórias obtendo a redistribuição do Axé e mantendo o seu equilíbrio vital.
Abaixo seguem alguns Ebós que o poderão ajudar em algumas situações da sua vida, no entanto, sempre que possível, é preferível recorrer a alguém que tenha fundamento no Candomblé para os realizar de forma correcta.

Ebó para Ògún Para abrir caminhos, trazer dinheiro, prosperidade
1 inhame assado, 1 alguidar médio, 21 moedas correntes, 21 taliscas de mariô (folha de palmeira), 1 acaçá branco (bolinho de milho branco misturado com água, envolto em folha de bananeira), 1 acaçá vermelho (igual a acaçá branco, porém com farinha de milho amarela), azeite de dendê e mel.
Como Preparar: Asse o inhame na brasa. Se necessário, raspe um pouco para eliminar o excesso de negrume. Colocar dentro do alguidar. Vá enterrando os talos de mariô e chamando por Ogum, Faça o mesmo com as moedas. Coloque os acaçás, um em cada ponta do inhame. Regue com um pouco de dendê e mel, 1 pitada de sal. Acenda uma vela e faça os seus pedidos a Ogum. Deve-se colocar no muro, ao lado do portão, ou no chão, na entrada do portão. Se você morar num apartamento, coloque dentro da sua casa, atrás da porta de entrada. Deixe 7 dias e após, despachar aos pés de uma árvore frondosa.
Presente para OxumPara acalmar a pessoa amada5 batatas inglesas, mel, azeite doce, açúcar mascavo, 2 velas.
Como Preparar: Cozinhe as 5 batatas inglesas sem casca. Deixe esfriarem. Coloque um pouco de mel, azeite doce e açúcar mascavo em um prato de louça, vá amassando as batatas com as mãos e misturando tudo. Faça isso pensando na pessoa amada. Dê um formato de coração à massa. Acenda 2 velas amarelas de 30 cm ao lado. Ofereça a Oxum Aparà.


Ebó para Exú LonanAbrir Seus Caminhos, para tirar feitiço, olho-grande, inveja1 metro de pano vermelho, 1 alguidar médio, 7 velas brancas, 1 bife de boi cru, 7 moedas actuais, 7 búzios abertos, 1 farofa de dendê, com uma pitada de sal, 7 limões, 7 acaçás vermelhos, 7 ovos vermelhos, 1 obi.
Como Preparar: Abra o pano em sua frente. Acenda as velas. Passe o alguidar pelo seu corpo e coloque-o em cima do pano. Passe os ingredientes no corpo, pela ordem acima. Por último, abra o obi, e leve-o até a sua boca, fazendo seus pedidos. Deixe-o em cima do Ebó. Feche o pano. Este Ebó tem que ser despachado numa rua de muito movimento, onde tenha muitas casas comerciais.


Oferenda a ExúMaterial: Farinha; Azeite de dendê; Mel de abelhas; Farinha de milho branco; Fígado, coração e bofe de boi; Cebola; Camarão seco socado; Um alguidar.
Modo de fazer: Faça uma farofa com dendê, uma com mel e uma com água, separadamente. Faça o acaçá branco cozinhando a farinha de milho em água, deixe a massa bem consistente, depois coloque em um pedaço de folha de bananeira e enrole. Deixe esfriar. Corte os miúdos de boi em pedaços pequenos e coloque para refogar com dendê, cebola, um pouco de sal, o camarão e rodelas de cebolas. Coloque as farofas no alguidar sem misturar muito, ponha o refogado de miúdos sobre a farofa e coloque o acaçá no centro. Oferece-se para Exú pedindo o que se quer. Coloque numa praça bem movimentada.


Ebó Para Iansã - Oyá OniráMaterial Necessário:1 Abóbora moranga, 4 Búzios abertos, 4 Noz moscada, 4 Moedas, 4 Acarajés, 4 Metros de fitas vermelha / Branca, 1 Saco de pano.
Modo de Fazer: Fazer um buraco na abóbora, colocar o resto das coisas, depois de passadas no corpo. Tapar a abóbora, amarrar com fitas. Entregar a OYÁ ONIRA no alto de um morro, às 18:00 ou 24:00 horas, acender e pedir tudo de bom.

Ebó Para Resolver Problemas DifíceisMaterial Necessário:2 Acaçás Brancos, 2 Ovos Brancos, 2 Quiabos, 2 Moedas, 2 Conchas, 1 Oberó
Maneira de Fazer: Passa-se tudo no corpo e coloca-se num Oberó, colocar bastante mel e arriar numa praça e pedir a MEGE ou MEGIOKO que traga tudo de bom eem dobro. Este Ebó tem que ser feito com 2 pessoas, acompanhadas de duas crianças.Nota: Este Ebó só pode ser feito nas terças-feiras.

Ebó de UniãoColocar o nome das duas pessoas dentro de um Obi e enterrar em um pé de planta sem espinhos, colocar bastante mel e fazer os pedidos.

Este é um dos temas mais polémicos de que podemos falar, não só no enquadramento do Candomblé, como de qualquer prática religiosa que utilize rituais de magia. Cabe em primeiro lugar salientar que a magia, como tudo na vida, tem o seu lado bom e o seu lado mau, ou se preferir-mos, o seu lado positivo e o seu lado negativo, e cabe a cada um de nós escolher a utilização que lhe queremos dar.
Está na natureza humana a constante luta por conseguir tudo aquilo que pretende, desde os objectivos mais elevados, até àqueles que nem vale a pena descrever… de tão ignóbeis que podem ser. E uma vez mais, aqui, também é a nossa escolha que prevalece. Somos nós que escolhemos as nossas metas e os nossos objectivos, e por isso, cabe-nos a nós também escolher os meios. E se não é tão questionável que os fins justifiquem os meios, devemos de facto preocupar-nos com os meios que escolhemos para atingir os nossos fins, porquanto, pelo caminho, estão quase sempre em jogo pessoas… e até vidas!
Particularmente no Candomblé, e porque esta página a ele é dedicada, a prática de rituais de magia é uma constante, mas, vamos então analisar como ela é utilizada e como deveria ser utilizada.
Os Ebós, as Oferendas e as Simpatias, são algumas das formas de magia que utilizamos, mas estes, todos eles sem excepção, foram criados originalmente com o intuito de corrigir alguma situação errada na vida de uma pessoa e para tal pode-se recorrer ao auxílio de diversas entidades; em primeira linha aos Orixás e depois, a outras entidades, que pelo seu estado evolutivo e pelas suas características, se assemelham mais a nós, humanos – aqui enquadram-se os Exús pagãos, as Pombagiras e os Caboclos – e estão de facto num plano mais próximo de nós.
Qualquer destas entidades pode ser uma mais valia na vida de uma pessoa, pois o seu auxílio chega sempre, e se devidamente tratados são nossos aliados preciosos.
Mas a magia, como já referi, também tem as duas faces da moeda, e a quem a pratica, é necessário, diria mesmo essencial, conhecer os dois lados, tornando-se mais uma vez necessário escolher o lado que se vai utilizar, e esse lado deve ser sempre o lado positivo e construtivo.
Poderíamos aqui, a título de exemplo, encarar como um veneno, que pode ser utilizado e para o qual é necessário conhecer o antídoto: é do próprio veneno da cobra que se criam os antídotos que são utilizados para curar quem é picado por ela - na magia, grosso modo, também temos que conhecer tanto o veneno como o antídoto, porque para se tratar ou curar alguém que tenha sido atingido pela magia negativa, é necessário saber contrapor com a magia positiva.
Obviamente, não vou aqui explicar - nem o poderia fazer - os detalhes desse conhecimento, o importante é que fique claro que quem mexe com um lado tem que conhecer o outro. Embora não pertencente ao Candomblé, m dos magos mais conhecidos de sempre - São Cipriano - começou por ser um dos melhores magos que já se conheceram a manejar a chamada Magia Branca, mas de igual modo, mais tarde na sua vida, virou, e tornou-se um dos mais temidos e eficientes magos da Magia Negra. Também para ele isto só foi possível porque tinha conhecimento verdadeiro e profundo de como os dois lados funcionam.
Portanto, assim como se pode Amarrar, também se pode sem dúvida Desamarrar, mas isto só é possível a quem tenha verdadeiros e fundamentados conhecimentos.
Convenhamos no entanto que não são muitos aqueles que estão verdadeiramente capacitados para isto, portanto, quando pensar em fazer ou solicitar uma Amarração, pense, não duas, não três vezes, mas muitas vezes naquilo que está a pedir, ou vai fazer, pois você jamais terá a garantia de que o seu pedido possa ser atendido devido a um conjunto de factores que podem estar envolvidos e que você certamente desconhecerá.
Ao fazer uma Amarração, você não só estará a pedir algo para si, como estará a mexer com a vida de outra pessoa, e de alguma forma forçando-a a agir de uma maneira que ela muito provavelmente não quer, não de forma voluntária e consciente. Quando isso acontece, muita coisa se altera, e por vezes os resultados não são nada satisfatórios e são até perniciosos para a vida das pessoas envolvidas.
Imagine uma situação em que você quer muito ficar com uma outra pessoa e faz uma Amarração para conseguir o seu intento. Imagine agora que uma segunda pessoa está interessada nessa mesma pessoa para quem você fez a Amarração e resolve também, para conseguir o seu intento, fazer também uma Amarração. Como é que fica essa pessoa que está pelo meio? E você, vai conseguir o seu intento? Ou é a outra pessoa que vai conseguir?
Este tipo de situação não é inédito, é até cada vez mais comum, dado que são cada vez em maior número as pessoas que recorrem a este tipo de magia (embora a maioria jamais vá admitir que o fez!), e garanto que daqui não sai nada de bom para nenhuma das partes envolvidas, só confusão e mais confusão e muita dor. Cria-se assim um ciclo vicioso, e nenhuma das partes vai sair a contento.
Ainda que posteriormente seja feita a magia para Desamarrar, entretanto, já muita coisa aconteceu que não tem retorno e já nada voltará a ser como era antes, ainda que a Desamarração seja um sucesso.
Amarração mexe com o destino da pessoa, e nós simplesmente não temos o direito de impor a nossa vontade na vida e no destino dos outros.
Esta forma de utilizar a magia não é de todo uma forma positiva. Está na hora de todos perceber-mos isto e agir-mos em conformidade.
Gostaria, de uma vez por todas, que os verdadeiros adeptos e/ou praticantes do Candomblé, independentemente do posto que ocupem, se negassem determinadamente a aceitar este tipo de trabalhos que constantemente nos pedem, ou sequer de pensar neles como uma solução para as nossas vidas, porque não é de facto uma solução; mais que não seja, pelas consequências kármicas que lhes são inerentes e que o nosso lado espiritual jamais deve esquecer - chama-se Lei do Retorno!
Há sempre uma forma difrente de ajudar as pessoas… pelo lado positivo!
Axé!
Hoje deixo aqui mais alguns trabalhos que lhe poderão ajudar a melhorar alguns aspectos da sua vida.
Para afastar pessoas invejosas e indesejáveis: Você vai precisar de:01 vassoura de carqueja ou de palha
Varra a sua casa ou comércio dos fundos para a frente, mentalizando as pessoas que você gostaria que se afastassem de você, vá pedindo a São Roque:”eu não estou tirando a sujeira de dentro da minha casa e sim estas pessoas que me fazem mal”. Pegue o lixo e a vassoura, leve a um verde e despache.

Para Afastar Doenças: 01 vassourinha de palha07 dentes de alho01 pedra de carvão01 saquinho de tecido lilás01 fita lilás01 punhado de pipoca (em grão)01 papel com os nomes de todos da família Coloque dentro do saquinho lilás: o papel com os nomes ,o alho, o carvão, e a pipoca, amarre o saquinho com a fita e amarre-o na vassourinha, guarde no alto e procure nunca mexer ,no próximo ano despache este em um verde e faça outro. Peça a Ossaim muita saúde e protecção para a sua família.
Protecção da casa: 01 fita vermelha01 chave07 moedas07 grãos de milho01 saquinho de tecido vermelho
Coloque dentro do saquinho: a chave, as moedas e os grãos de milho, amarre com a fita vermelha e pendure por cima da porta de entrada da sua residência ou comércio, pedindo protecção, fartura e bons negócios.
Abertura profissional: 01 bandeja papelãopipoca estalada (sem sal e sem açúcar)07 papéis com os pedidos escritos07 velas vermelhas07 chaves
Forre a bandeja com a pipoca, escreva os pedidos referentes à parte profissional em 7 papéis, enrole cada papel em uma chave e coloque dentro da bandeja formando um círculo, sendo que a ponta da chave fica voltada para fora, leve a uma encruzilhada e peça a Exú Bará que abra os seus caminhos para que consiga um emprego ou uma promoção, etc
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Comidas de santo




Comidas rituais são as comidas específicas de cada Orixá, que para serem preparadas são submetidas a um verdadeiro ritual. Esses alimentos depois de prontos são oferecidos aos Orixás acompanhados de rezas e cantigas, durante a festa ou no final, em grande parte são distribuídas para todos os presentes, são chamadas comida de axé pois acredita-se que o Orixá aceitou a oferenda e impregnou de axé as mesmas.
Eis então algumas das principais comidas:
Acarajé - é a comida ritual do Orixá Iansã. O acarajé é feito com feijão-frade, que deve ser partido num moinho em pedaços grandes e colocado de molho em água para soltar a casca, após retirar toda a casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal. O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. Quando a massa estiver no ponto ela fica com a aparência de espuma, para fritar use uma panela funda com bastante azeite de dendê.
Ado - é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel, é oferecido principalmente ao Orixá Oxum.
Amalá - é comida ritual do Orixá Xangô. É feito com quiabo cortado, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce, pode ser feito de várias maneiras. É oferecido numa gamela forrada com massa de acaçá.
Axoxô – é comida ritual do Orixá Oxóssi, milho vermelho cozido refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê, enfeitado com fatias de coco sem casca.
Deburu - é a comida ritual do Orixá Obaluaiyê , é o milho de pipoca estourado numa panela com areia . Depois de peneirar a areia essa pipoca é colocada num alguidar ou tigela (de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco.
Ekuru - é uma comida ritual de diversos Orixás, a massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé , feijão-frade sem casca triturado, envolta em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no vapor.
Omolocum - comida ritual da Orixá Oxum , é feito com feijão-frade cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce. Enfeitado com camarões inteiros e ovos cozidos inteiros sem casca, normalmente são colocados 5 ovos ou 8 ovos, mas essa quantidade pode mudar de acordo com a obrigação do candomblé.
Abará - é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé . A preparação da massa é idêntica à do acarajé. Quando comida ritual, coloca-se um pouco de pó de camarão e quando da culinária baiana coloca-se camarões secos previamente escaldados para tirar o sal, que pode ser moído junto com o feijão e depois colocar alguns inteiros. Essa massa deve ser envolvida em pequenos pedaços de folha de bananeira semelhante ao processo usado para fazer o acaçá e deve ser cozido no vapor em banho-maria; é servido na própria folha.
Acaçá - é uma comida ritual do candomblé e da culinária baiana . Feito com milho branco ou milho vermelho, que após ficar de molho em água de um dia para o outro, deve ser moído num moinho formando uma massa que deverá ser cozida numa panela com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. O ponto de cozedura pode ser visto quando a massa não dissolve se pingada num copo com água. Ainda quente essa massa deve ser embrulhada em pequenas porções, em folha de bananeira previamente limpa, passada no fogo e cortada em tamanho igual para que todos fiquem do mesmo tamanho. Coloca-se a folha na palma da mão esquerda e coloca-se a massa, com o dedo polegar dobra-se a primeira ponta da folha sobre a massa, dobra-se a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, faz o mesmo do outro lado. O formato que vai ficar é de uma pirâmide rectangular.
Caruru - É uma comida ritual do candomblé e da culinária baiana. É preparado com quiabo cortado em quatro de comprido e depois em rodelas, cebola ralada ou batida no processador, pó de camarão, sal, azeite de dendê, castanha-de-caju torrada e moída, amendoim torrado sem casca e moído. Preparação: Numa panela coloque azeite de dendê, a cebola e o sal, refogue um pouco, em seguida coloque o quiabo cortado, colocar um pouco de água e deixar cozinhar, quando estiver cozido colocar aos poucos a castanha e o amendoim acrescentando um pouco mais de dendê, depois de pronto é colocado numa gamela.
Efó - é uma comida ritual e da culinária baiana , pode ser feita com a folha chamada língua de vaca ou com folha de mostarda. Preparação: Meio quilo de camarão seco, descascado. Pimenta-malagueta em pó. Meio dente de alho. Uma cebola. Uma pitada de coentro. Um maço de língua-de-vaca (ou taioba, ou bertalha, ou espinafre, ou mostarda). Primeiro, ferve-se a língua-de-vaca, escorre-se numa peneira, estende-se na tábua e bate-se bem com a faca, até ficar uniforme. Enxuga-se e estende-se na peneira para secar toda a água. Cozinha-se no azeite-de-dendê puro, temperado com tudo o resto. A panela fica tapada, para suar. Come-se com arroz. Nanã, rainha das águas doces, quando escolhe, pede um bom efó de língua-de-vaca.
Tendo como contexto principal a terra e os seus frutos, os Iorubás basicamente subsistiam pela colheita do inhame (isu), milho (àgbado), feijão (ewa), quiabo (ilá) e mandioca (paki). São estes os elementos principais que encontramos até hoje nas comidas que são confeccionadas para os Orixás no Candomblé.
A comida é assim claramente também mais uma tradição que foi trazida de África pelos escravos e que foi mantida no culto do Candomblé.
A preocupação com o comer é uma constante na vida do ser humano, transformando-se, quase sempre, na sua ocupação principal. A sorte, a ajuda, os pedidos para uma boa colheita, boa caça, um bom trabalho, etc. fizeram também sempre parte das preocupações, e como forma de agradar aos Orixás a comida era “partilhada”, no sentido em que os Orixás também comiam do mesmo tipo de comidas, e desta integração surge a força, a base para os pedidos, para agradecimentos - as comidas dos Orixás - ONGE BILE – as chamadas comidas secas.
São estas as comidas que são hoje em dia dadas em oferenda aos Orixás, fazendo parte de maioria dos rituais nos quais se invoca a sua presença, a sua participação ou ajuda. Desde os simples Ebós e Oferendas até aos mais complexos rituais de Iniciação, a comida é sempre uma parte muito importante.
Os ingredientes que a compõem, a forma como é confeccionada, tudo tem o seu preceito próprio, e assim, uma determinada comida, que contém determinados elementos energéticos, é apropriada para este ou para aquele Orixá especificamente.
Entenda-se que o Orixá não come “fisicamente”, mas alimenta-se, isso sim, da energia e da vibração da comida que lhe é oferendada, porque esta integra determinados elementos que se coadunam com a sua própria energia, com o seu campo vibratório e características naturais.
Abaixo encontra alguns exemplos das comidas que são oferendadas e também a forma cuidada como são apresentadas nas entregas.

Orixás






  • Orixás são elementos da natureza, e cada Orixá representa uma força da natureza. Quando cultuamos os Orixás, cultuamos também as forças elementares oriundas da água, da terra, do ar, do fogo, etc.
    Essas forças em equilíbrio produzem uma enorme energia (axé), que nos auxilia no nosso dia a dia, ajudando para que o nosso destino se torne cada vez mais favorável. Assim sendo, quando dizemos que adoramos Deuses, nós referimo-nos a adorar as forças da natureza, forças essas pertencentes á criação do grande Pai. Pai esse conhecido por nós como “Olorum” (Deus Supremo).
    A grande maioria das nações africanas, anteriores à era cristã, conheciam a existência de Olorum como o grande criador, o Ser Fundamental. Olorum “é o Todo”. E o todo, é a natureza e os seus integrantes, (animais, vegetais, homens, planetas, etc.). O panteão dos Orixás não é mais do que a junção das energias de todo os elementos da natureza, e cada elemento da natureza é representado por um Orixá.
    Aprendemos a sentir e a manipular essas energias individualmente através de cada Orixá. Os filhos nascidos sobre a influência do Orixá detém mais energia do seu Orixá influente que os filhos de outros Orixás. Exemplo: os filhos de Ossain possuem mais energia voltada para as curas e plantas do que os filhos de Oxum que possuem por sua vez mais energia voltada aos sentimentos, à magia etc.
    Na nossa religião, é fundamental a integração com a natureza, pois quanto maior for o nosso contacto com a natureza, maior será o desenvolvimento, a energia, o ashé e, portanto, maior será o elo de ligação com o nosso Orixá, aproximando-nos mais de Olorum (deus criador/construtor de todo o universo).
    Quem são os Orixás
    Os Orixás foram os primeiros seres que habitaram a Terra, e dividem-se em duas qualidades: os Orixás Funfuns e os Orixás de Predominância. Em total existem 401 Orixás.
    Orixás Funfuns
    Os Orixás Funfuns são os seres que criaram o nosso universo e, por consequência, o nosso amado planeta Terra. Podemos citar alguns deles: Olorum, Aorum, Oorum, Pavenã, Aganju, Olodumarê, Afefé, Oloxum, Odudua, Tempo, Ifá, Obatalá etc.
    Orixás de Predominância
    São aqueles que descenderam dos Orixás Funfuns (Branco), e a sua função era povoar o planeta, espalhando semelhantes por todo o mundo. Durante a sua estadia na Terra, os Orixás tiveram muitas aventuras fantásticas, devido à sua força sobre os elementos da natureza. Muitas das suas façanhas e ensinamentos são citadas em lendas.
    Após a sua passagem pela Terra, os Orixás de predominância recolheram-se em Orum, de onde têm como função auxiliar os seus semelhantes na Terra – a humanidade – em busca da evolução e da comunhão universal. Para assistir aos desencarnados, os Orixás contam com o auxílio dos seus Servidores (cadeia de espíritos de luz em diferentes estágios de evolução, entre os quais estão Exús, Bombogiras, Erês e Caboclos). De entre os muitos Orixás que existem abordaremos aqui neste Blog apenas 16 dos Orixás de Predominância

Logun edé


Dia da semana: Quinta-feiraCores: Azul Turquesa e Amarelo OuroSaudação: Logun ô Akofá!Elementos: Água (de Rios e Cachoeiras) e Terra (Floresta)Domínios: Riqueza, Fartura e BelezaInstrumentos: Balança, Ofá (arco), Abebè (espelho) e Cavalo-Marinho
Logun Edé é o Orixá da riqueza e da fartura, filho de Oxum e de Oxóssi, deus da guerra e da água. É, sem dúvida, um dos mais bonitos orixás do Candomblé, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.Caçador habilidoso e príncipe soberbo, Logun Edé reúne os domínios de Oxóssi e de Oxum, e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.
Apesar da sua história, é preciso esclarecer que Logun Edé não muda de sexo a cada seis meses, ele é um Orixá do sexo masculino. A sua dualidade dá-se a nível comportamental, já que em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Oxum, e em outras, sério e solitário como Oxóssi. Logun Edé é um Orixá de contradições; nele os opostos alternam, é o deus da surpresa e do inesperado. Na Nigéria, a cidade de Logun Edé chama-se Ilesa e é uma das mais ricas e prósperas de África, mas o seu culto na região está em via de extinção.
Na África negra, dizem que Logun Edé seria na verdade Ólòlún Ode – o guerreiro caçador - o maior entre todos os caçadores, pai de todos eles, inclusive de Oxóssi. Todavia, não podemos desconsiderar o processo cultural que deu origem ao Candomblé e as diferenças fundamentais que existem entre os cultos aos orixás no Brasil e em África. O Candomblé é um ‘resumo de toda a África mística. Muitos deuses que em África mantinham a sua autonomia, no Brasil foram reunidos num único Orixá e divididos em diversas qualidades.Oxum Yéyé Ipondá e Odé Erinlé são, respectivamente, as qualidades de Oxum e Oxóssi que se consideram os pais de Logun Edé. No Candomblé, Oxóssi e Oxum são os pais de Logun Edé, um deus único que encontra na sua paternidade uma forma de existir e residir, pois o seu culto mantém-se até hoje e é cada vez mais crescente fora de África. Há também quem diga em África que Logun Edé é, na verdade, uma altiva versão masculina da própria Oxum.
A história revela que Oxóssi, feliz pelo filho vindouro, declarou a Oxum o seu amor e lhe pediu a posse do menino:-Oxum, por amor a você, quero que Logun Edé fique comigo, vou ensiná-lo a caçar. Comigo ele aprenderá os segredos da floresta.Mas, Oxum também amava Logun Edé e por maior que fosse seu amor por Oxóssi ela não poderia separar-se de seu filho então declarou:-Logun Edé viverá seis meses com a sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça. Ele será Oxóssi e será Oxum, mas sem deixar de ser ele mesmo, Logun Edé: uma princesa na floresta e um caçador sobre as ondas!
Características dos filhos de Logun Edé
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum, ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme e elegância. Tem também características em comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela, objectividade e segurança. No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem nem a Oxum nem a Oxóssi. Na verdade, ele reúne o arquétipo de ambos, mas de forma superficial.
A superficialidade é a marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos filhos de Oxóssi e de Oxum não têm certeza do que são nem do que querem. As qualidades de Oxum e de Oxóssi amenizam-se em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos exacerbam-se. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são extremamente soberbos arrogantes e prepotentes.
Mas algo não se lhes pode negar: os filhos de Logun Edé são bonitos e possuem um olhar especial, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São do tipo ‘bonitinho mas ordinário’. São mandões, os donos da verdade, os mais belos, cujo ego não cabe em si. O melhor não lhes fazer elogios na sua presença, a não ser que queira ver a sua imensa cauda de pavão abrir em leque. Quando têm consciência de que conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé tornam-se pessoas muito agradáveis. Os filhos de Logun Edé não andam! Pairam no ar!

Ibeijada



Dia da semana: DomingoCores: Azul, Rosa e VerdeSaudação: Omi Beijada!Elemento: ArDomínios: Nascimento e InfânciaSímbolos: 2 Bonecos Gémeos, 2 Cabacinhas
Ibeji é o Orixá-Criança, em realidade, duas divindades gémeas infantis, ligadas a todos os orixás e seres humanos.
Por serem gémeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas, etc.
Ibeji na nação Ketu, ou Vunji nas nações Angola e Congo. É o Orixá Erê, ou seja, o Orixá criança. É a divindade da brincadeira, da alegria; a sua regência está ligada à infância. Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exú, se não for bem cuidado, pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo.
É o Orixá que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. A sua determinação é tomar conta do bebé até à adolescência, independentemente do Orixá que a criança carrega. Ibeji é tudo o que existe de bom, belo e puro; uma criança pode-nos mostrar o seu sorriso, a sua alegria, a sua felicidade, o seu falar, os seus olhos brilhantes. Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância.
Feche os olhos e lembre-se de um momento feliz, de uma travessura, e você estará a viver ou a reviver uma lenda deste Orixá. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, Ibeji já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.
A lenda e a história de Ibeji, acontece a cada momento feliz de uma criança. Ao menos para manter vivo este importante Orixá, procure dar felicidade a uma criança. Faça você mesmo o encantamento de Ibeji. É fácil: faça gerar dentro de si a felicidade de estar vivo. Transmita esta felicidade, contagie o seu próximo com ela. Encante Ibeji com a magia do sorriso, com o amor de uma criança. E seja Ibeji, feliz!
Características dos filhos de Ibeji
Os filhos de Ibeji são pessoas com temperamento infantil, jovialmente inconsequentes; nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhões, sorridentes, irrequietos – tudo, enfim, o que se possa associar ao comportamento típico infantil.
Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem revelar-se teimosamente obstinados e possessivos. Ao mesmo tempo, a sua leveza perante a vida revela-se no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, a sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.
Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e uma certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em seu torno a princípios simplistas como “gosta de mim - não gosta de mim”. Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com alguma facilidade.
Ao mesmo tempo, as suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças, em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das actividades desportivas, sociais e das festas.

oxalá


Oxalá
Dia da semana: Sexta-feiraCores: BrancoSaudação: Epa Bábá!Elementos: Ar (Atmosfera e Céu)Domínio: Poder procriador Masculino, Criação, Vida e MorteInstrumento: Apoxorô
Oxalá é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a pró-forma e a formação de todo tipo de criaturas no Aiye e no Orun. Ao incorporar-se, assume duas formas: Oxaguiã jovem guerreiro, e Oxalufã, velho apoiado num bastão de prata (Apoxorô). Oxalá é alheio a todo o tipo de violência, disputas e brigas; gosta de ordem, da limpeza e da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a Oxalá os metais e outras substâncias brancas.
Em África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O mais importante entre todos eles chama-se Orixalá, ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 os Orixás Fun Fun, mas no Brasil e em Portugal a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Oxalufã e Oxaguiã, se tornaram as suas expressões mais conhecidas. A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O nome Orixalá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e foi assim com esse nome que o grande Deus Pai passou a ser conhecido. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias qualidades das suas duas configurações principais: Oxalufã, Oxaguiã, sendo este último, jovem e guerreiro, filho do primeiro, mais velho e paciente.Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá concebido por Olodumarê e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres e todas as coisas que existiriam no mundo.
No Xirê (festa em homenagem aos Orixás), Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade. Ele é o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos, todos são irmãos.
Características dos filhos de Oxalá
Os filhos de Oxalá são pessoas tranquilas, com tendência à calma, até nos momentos mais difíceis; conseguem o respeito mesmo sem que se esforcem objectivamente para o conseguir. São amáveis e pensativos, mas nunca de maneira subserviente.Sabem argumentar bem, são reservados, mas raramente orgulhosos. O seu defeito mais comum é a teimosia; será difícil convencê-los de que estão errados ou que existem outros caminhos para a resolução de um problema.No Oxalá mais velho (Oxalufã) a tendência traduz-se em rabugice e intolerância, enquanto no Oxalá novo (Oxaguiã) tem um certo furor pelo debate e pela argumentação.
Fisicamente, os filhos de Oxalá tendem a apresentar um porte majestoso ou no mínimo digno, principalmente na maneira de andar e não na constituição física. Às vezes, porém, essa maneira de caminhar e postura dá lugar a alguém com tendência a ficar curvado como se o peso de toda uma longa vida caísse sobre os seus ombros, mesmo tratando-se de alguém muito jovem.

Exú



DIA: Segunda-feira.
DATA: Todos os dias são de Exu.
METAL: Não tem, sua matéria é a terra em seu estado de pureza.
CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
COMIDAS: Farofa de azeite-de-dendê, ekó (acaçá), carne mal passada.
SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo ereto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
REGIÃO DA ÁFRICA: Exu é universal.
PEDRAS Rubi e Granada.
FOLHAS Folha de fogo, coração-de-negro,aroeira vermelha, figueira brava, bredo, urtiga.
ODU QUE REGE Okaran e Owarín.
DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.
SAUDAÇÃO Laroié!

Origem e História
Exu (Èsù) é a figura mais controvertida do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
Muitas são as confusões e equívocos relacionados a Exu, o pior deles o associa à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom em sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu cotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.
Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido por sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.
Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.
Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, sempre oferecem o primeiro bolinho a Exu, atirando-o a rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, pra que Exu seja de fato um guardião e proteja o seu negócio.
É evidente que Exu não precisa pagar no mercado, porque lá recebe muitas oferendas; nenhum comerciante deixa de agradar a Exu, A não ser os que desejam conhecer o seu lado perverso.
É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu sempre protege aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.
Exu foi à primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo sua região de origem na África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.


Oxum



Dia da semana: SábadoCores: Amarelo – OuroSaudação: Eri Yéyé ó!Elementos: Água Doce (Rios, Cachoeiras, Nascentes, Lagoas)Domínios: Amor, Riqueza, Fecundidade, Gestação e MaternidadeInstrumento: Leque com espelho (Abebé)
Na Nigéria, mais precisamente em Ijesá, Ijebu e Osogbó, corre calmamente o rio Oxum, a morada da mais bela Iyabá, a rainha de todas as riquezas, a protectora das crianças, a mãe da doçura e da benevolência. Generosa e digna, Oxum é a rainha de todos os rios e cachoeiras.
Vaidosa, é a mais importante entre as mulheres da cidade, a Ialodê. É a dona da fecundidade das mulheres, a dona do grande poder feminino. Oxum é a deusa mais bela e mais sensual do Candomblé.
É a própria vaidade, dengosa e formosa, paciente e bondosa, mãe que amamenta e ama. O primeiro filho de Oxum chama-se Ide, é uma verdadeira jóia, uma argola de cobre que todos os iniciados de Oxum devem colocar nos seus braços. Oxum não vê defeitos nos seus filhos, não vê sujidade. Os seus filhos, para ela, são verdadeiras jóias, e ela só consegue ver o seu brilho.
É por isso que Oxum é a mãe das crianças, seres inocentes e sem maldade, zelando por elas desde o ventre até que adquiram a sua independência. Os seus filhos, melhor, as suas jóias, são a sua maior riqueza.
Características dos filhos de Oxum
Dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos seus objectivos.
Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de ascensão social.
Têm uma certa tendência para engordar, a imagem do gordinho risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas, vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer. Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição, pois detestam escândalos. Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles são narcisistas demais para gostar muito de alguém.
Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes, roupas vistosas e de tudo o que é bom e caro.
O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado. Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás da história do Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.

omolu


Dia da semana: Segunda-feiraCores: Branco, Preto e VermelhoSaudação: Atôtô!Elementos: Terra e Fogo do Interior da TerraDomínio: Doenças Epidémicas, Cura de Doenças, Saúde, Vida e MorteInstrumento: Xaxará
Omulú ou Obaluaiyê, também conhecido como o Orixá das doenças ou da varíola e outras doenças contagiosas, é muito respeitado e deve-se manter uma certa distância. Obaluaiyê é a forma jovem do Orixá, enquanto Omulú é a sua forma mais velha.A figura de Omulú é completamente cercada de mistérios e dogmas, sendo-lhe atribuído o controle sobre as doenças, especialmente as epidemias.Filho de Nanã, advém da cultura Jêge assimilado mais tarde pelos Iorubas e originário do Daomé, actual República de Benin. Obaluaiyê quer dizer “rei e dono da terra”, a sua veste é de palha e esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado com a terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol - calor que lembra a febre das doenças infecto-contagiosas. Omulú representa a terra e o sol, aliás, ele é o próprio sol, por isso usa uma coroa de palha que tapa o seu rosto, porque sem ela as pessoas não poderiam olhar para ele. Ninguém pode olhar o sol directamente. Está fortemente relacionado com os troncos e os ramos das árvores. A sua matéria de origem é a terra e, como tal, ele é o resultado de um processo anterior. Relaciona-se também com os espíritos contidos na terra. O seu poder está extraordinariamente ligado à morte.
OBA significa Rei, ILU espíritos e AIYÊ significa terra, ou seja, Rei de Todos os Espíritos do Mundo. Ele lidera e detém o poder dos espíritos e dos ancestrais, os quais o seguem. Oculta sob o saiote o mistério da morte e do renascimento (o mistério do génesis). Ele é a própria terra que recebe os nossos corpos para que se tornem pó. É o médico dos pobres; o senhor dos cemitérios.
Características dos filhos de Omulú
Os filhos de Omulú são pessoas que não conseguem viver satisfeitas mesmo quando tudo vai bem para elas. Podem até atingir uma boa situação material e um belo dia, rejeitar tudo, por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, em certos casos, se sentem capazes de consagrar o bem-estar aos outros, fazendo completa abstracção dos seus próprios interesses vitais.É possível a auto punição dos filhos de Omulú, principalmente nos seus casamentos, pois não é raro apaixonarem-se por pessoas extrovertidas e sensuais, que ocupam naturalmente o centro do palco, reservando ao parceiro um papel mais discreto. Gostam de ver a pessoa amada brilhar, porém invejam-na, vivendo com muita insegurança.Os filhos de Omulú, cultivam a sua individualidade, são austeros e causam medo aos outros. São irónicos, secos e por vezes discretos.

Xangô



Dia da semana: Quarta-feiraCores: Vermelho e BrancooSaudação: Kawó Kabiesilé!Elementos: Fogo, Formações RochosasDomínio: Poder Estatal, Justiça, Questões JurídicasInstrumento: Oxé (Machados Duplos), Xerê
Nem seria preciso falar do poder de Xangô, porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder e morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível: um déspota. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda no seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os Orixás, nenhum possui mais axé que outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o Orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um Orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem os seus devotos.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, é-lhe devido por se ter tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos Iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô foi o grande alafim de Òyó porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo todos, especialmente com o seu sentido de justiça muito apurado. No caso de Xangô, a sua rectidão e honestidade superam o seu carácter arbitrário; as suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado.Xangô expressa a autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo.
O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. Xangô sempre foi um homem bonito e extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’ senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de flirt de Xangô?
Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. Iansã foi a sua primeira esposa e a única que o acompanhou na sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.Oxum foi a segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou. A terceira esposa de Xangô foi Oba, que o amou e não foi amada. Oba abdicou da sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu próprio corpo por amor o seu rei. Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
Características dos filhos de Xangô
É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas pela sua estrutura física, pois o seu corpo é sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado.Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem a sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. A sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Andam sempre acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.
Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Xangô dança Alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objectos da sua vaidade.
São amantes vigorosos, uma só pessoa não satisfaz um filho de Xangô. Um filho de Xangô está sempre cercado de muitas mulheres, sejam suas amantes ou suas auxiliares, mas a tendência é de que aqueles que decidem ao seu lado sejam sempre homens.
Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecidos, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.

Oxossi


Dia da semana: Quinta-feiraCores: Azul-TurquesaSaudação: Òké Arô! Arô Iê!Elementos: Terra (Floresta e Campos Cultiváveis)Domínio: Caça, Agrucultura, Alimentação e FarturaInstrumento: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré
Oxóssi é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, Orixá da fartura e da riqueza. Actualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao facto de a cidade de Ketu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os seus habitantes, muitos deles consagrados a Oxóssi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse facto possibilitou o renascimento de Ketu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé. Oxóssi é o rei de Ketu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Ketu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes.
Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem sobressair no espaço da natureza e impor a sua marca no mundo desconhecido. A colecta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, Orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência.
Oxóssi é o Orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza. Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, este caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Outras histórias relacionadas a Oxóssi apontam-no como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidos, são ainda mais imbatíveis. Oxóssi mantém uma estreita ligação com Ossain, com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore. A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi se tornou Orixá.Tal como Xangô, Oxóssi é um Orixá avesso à morte, porque ele é a expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
Características dos filhos de Oxóssi
Os filhos de Oxóssi são pessoas de aparência calma, que podem manter a mesma expressão estando alegres ou aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são pessoas insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si. São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam uma amizade é para sempre.São do tipo que ouve conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas fazem sempre o que querem.
Altos e magros, os filhos de Oxóssi possuem facilidade de movimentos, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada para isso acontecer.Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos, percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos, distraídos e prestáveis, comportamento típico de um caçador, provedor do seu povo.

Ogum


Dia da semana: Terça-feiraCores: Azul Forte, Vermelho, VerdeSaudação: Ogum Ieé!Elementos: Terra (Florestas e estradas), FogoDomínio: Guerra, Progresso, Conquista e MetalurgiaInstrumento: Bigorna, Faca, Enxada e outras Ferramentas
Ogum é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e da tecnologia; protector dos ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, talhantes, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.
Orixá conquistador, Ogum fez-se respeitar em toda a África negra devido ao seu carácter devastador. Foram muitos os reinos que se curvaram diante do poder militar de Ogum. Entre os muitos Estados conquistados por Ogum estava a cidade de Iré, da qual se tornou senhor após matar o rei e o substituir pelo seu próprio filho, regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré.Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé. Ogum é um Orixá importantíssimo em África, no Brasil e em Portugal.
A sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ogum é o último Imolé. Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumarê após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda.
Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um conjunto de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza. Em todos os cantos da África negra Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com a sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente também, por isso antes de ser temido Ogum é amado.
A Espada! Eis o braço de Ogum.
Características dos filhos de Ogum
Fisicamente, os filhos de Ogum são magros, mas com músculos e formas bem definidas. Partilham com Exu o gosto pelas festas e conversas infindáveis e gostam de brigas. Se não fizerem a sua própria briga, compram as de seus amigos e colegas.
Sexualmente os filhos de Ogum são muito potentes; trocam constantemente de parceiros, pois têm dificuldade em se fixar a uma pessoa ou a um lugar.
São do tipo que dispensa um confortável colchão de molas para dormir no chão; gostam de pisar a terra com os pés descalços. São pessoas batalhadoras, que não medem esforços para atingir os seus objectivos, são pessoas que, mesmo contrariando a lógica, lutam insistentemente e vencem.
Não se prendem à riqueza, o que ganham hoje, gastam amanhã. Gostam mesmo é do poder, gostam de comandar, são líderes natos. Essa necessidade de estar sempre à frente pode torná-los pessoas egoístas e desagradáveis, mas com excepções.
Geralmente, os filhos de Ogum são pessoas alegres, que falam e riem alto para que todos se divirtam com as suas histórias, e adoram partilhar a sua felicidade.

Nanã Buruke


Dia da semana: Terça-feira Cores: Lilás, Branco, AzulSaudação: Saluba Nanã!Elementos: Água e Terra (lama)Domínio: Lama e PântanosInstrumento: Ibiri (espécie de bengala)
Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e libertou do “saco da criação” a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã. Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e significa “mãe”. Na região onde hoje se encontra a República do Benin, Nanã é muitas vezes considerada a dinvidade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.
Nanã é no entanto um orixá feminino de origem daomeana que foi incorporado há séculos pela mitologia iorubá, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé, assimilando a sua cultura e incorporando alguns dos orixás dominados por sua mitologia já estabelecida.
Nanã teria o mesmo posto hierárquico de Oxalá ou até mesmo de Olorum.
Nanã é sempre associada à maternidade. É um dos orixás mais velhos da água que, associado às águas do céu e à lama, tem o poder de dar vida e forma aos seres humanos.
O seu elemento é a lama do fundo dos rios. Ela é a deusa dos pântanos, da morte (associada à terra, para onde somos levados após a morte) e da transcendência.
É uma figura muito controversa no panteão africano: ora perigosa e vingativa, ora desprovida dos seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido.
Os seus filhos dançam devotando-lhe muito respeito. Os seus movimentos lembram o andar de uma senhora idosa, com passos lentos, o corpo curvado para a frente e apoiado no Ibiri.
É considerada a primeira esposa de Oxalá. São quatro os Orixás filhos de Nanã: Omulu, Oxumaré, Ossain e Ewá.
Características dos filhos de Nanã
Os filhos de Nanã são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nanã parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres, gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.
Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.
As pessoas de Nanã podem ser teimosas e rabugentas, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. Suas reacções bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.
Embora se atribua a Nanã um caráter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.

Iemonjá


Dia da semana: e RoSábadoCores: Branco, Azul, Prateado sa Saudação: Erù-Iyá! Odó-Iyá!Elementos: Água (águas doces que correm para o mar e água do mar)Domínio: Maternidade (educação), Saúde mental e PsicológicaInstrumento: Abèbé Prateado (espécie de leque)
No Brasil, é muito venerada, e o seu culto tornou-se quase independente do Candomblé. É representada como uma sereia de longos cabelos pretos. Rege a maternidade, é a mãe dos peixes, que representam fecundidade. Gosta muito de flores e é o costume oferecer-lhe sete rosas brancas abertas, sem espinhos, que são lançadas ao mar para agradecimento. É a rainha de todas as águas do mundo, sejam as dos rios, ou as do mar. O seu nome deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. Em África era cultuada pelos Egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Esse povo transferiu-se para a região de Abeokutá, e levou consigo os objectos sagrados da deusa, que foram depositados no rio Ogum, o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogum. Apesar de no Brasil Iemanjá ser cultuada nas águas salgadas, a sua origem é num rio que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem para essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão às espumas formadas no encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Iemanjá.
Iemanjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo o mundo. Iemanjá é o espelho do mundo, que reflecte todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa, e sabe, sobretudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós mesmos.Iemanjá foi violentada pelo seu próprio filho, Orugan. Dessa relação incestuosa nasceram diversos Orixás e dos seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Iemanjá acabou desfazendo-se nas suas próprias lágrimas transformando-se num rio que correu em direcção ao oceano. Não é por acaso que as lágrimas e o mar têm o mesmo sabor.
É considerada a mãe da maioria dos Orixás de origem Iorubá. Iemanjá é a mãe que não faz distinção entre os seus filhos, sejam eles como forem, tenham ou não saído de seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio de chagas, criou também um grande guerreiro. Iemanjá criou Omulú, o rei da terra, o próprio Sol.
Características dos filhos de Iemanjá
São imponentes, majestosos e belos, calmos, sensuais, fecundos, cheios de dignidade e dotados de irresistível fascínio (o canto da sereia), são voluntariosos, fortes, rigorosos, protectores, altivos e, algumas vezes, impetuosos e arrogantes. Têm o sentido de hierarquia, fazem-se respeitar e são justos mas formais; põem à prova as amizades que lhes são devotadas, não perdoam uma ofensa com facilidade e, se a perdoam, jamais a esquecem. Preocupam-se com os outros, são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, dos tecidos azuis e vistosos, das jóias caras. Eles têm tendência para uma vida sumptuosa, mesmo se as possibilidades do quotidiano não lhes permitem um tal fausto.
As filhas de Iemanjá são boas donas de casa, educadoras pródigas e generosas, criando até os filhos de outros (Omulú). São possessivas e muito ciumentas. São pessoas muito voluntariosas e que tomam os problemas dos outros como se fossem seus. São pessoas fortes, rigorosas e decididas. Gostam de viver em ambientes confortáveis com certo luxo e requinte. São incapazes de guardar um segredo. Costumam exagerar nas suas verdades (para não dizer que mentem) e fazem uso de chantagens emocionais e afectivas. São pessoas que dão grande importância aos seus filhos, mantendo com eles os conceitos de respeito e hierarquia sempre muito claros.
Nas grandes famílias, há sempre um filho de Iemanjá, pronto a envolver-se com os problemas de todos, e gosta tanto disso que pode revelar-se um excelente psicólogo. Fisicamente, os filhos de Iemanjá tendem à obesidade, ou a uma certa desarmonia no corpo. São extrovertidos e sabem sempre tudo (mesmo que não saibam).

Iançã


Iansã
Dia da semana: Quarta-feiraCores: Castanho Coral, Vermelho, Rosa Saudação: Epahei!Elementos: Ar (Vento), FogoDomínio: Tempestades, Vantanias, Raios, MorteInstrumentos: Espada e Eruesin
Iansã é um Orixá feminino muito famoso, sendo uma das mais populares figuras entre os mitos do Candomblé no Brasil, em Portugal e em África, onde é predominantemente cultuada sob o nome de Oyá. O maior e mais importante rio da Nigéria chama-se Níger, é imponente e atravessa todo o país. Rasgado, espalha-se pelas principais cidades através dos seus afluentes e por esse motivo tornou-se conhecido com o nome Oya, já que ya, em iorubá, significa rasgar, espalhar. Este rio é a morada da mulher mais poderosa da África negra, a mãe dos nove orum, dos nove filhos, do rio de nove braços, a mãe do nove, Iansã. Embora seja saudada como a deusa do rio Níger, Iansã está relacionada com o elemento fogo. Na realidade, indica a união de elementos contraditórios, pois nasceu da água e do fogo, da tempestade, de um raio que corta o céu no meio da chuva, é a filha do fogo. A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios e das ventanias.
Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia-a-dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiantes na mesma proporção que exterioriza a sua raiva e o seu ódio. Dessa forma, passou a ser identificada muito mais com todas as actividades relacionadas ao homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento. O facto de estar relacionada a funções tipicamente masculinas não afasta Iansã das características próprias de uma mulher sensual, fogosa e ardente; ela é extremamente feminina e o seu número de paixões mostra a forte atracção que sente pelo sexo oposto. Iansã teve muitos homens e verdadeiramente amou todos. Graças aos seus amores, conquistou grandes poderes e tornou-se Orixá. Assim, Iansã tornou-se mulher de quase todos os Orixás. Ela é arrebatadora, sensual e provocante, mas quando ama um homem só se interessa por ele, portanto é extremamente fiel e possessiva. Todavia, a fidelidade de Iansã não está necessariamente relacionada a um homem, mas às suas convicções e aos seus sentimentos.
Características dos filhos de Iansã
Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao quotidiano repetitivo.Costumam ver guerra em tudo, sendo portanto competitivos, agressivos e dados a ataques de cólera. Enfrentam a guerra do dia-a-dia, os filhos de Iansã costumam ser individualistas, achando que com a coragem e a disposição para a batalha, vencerão todos os problemas, sendo no entanto pouco sistemáticos.São quase que invariavelmente de Iansã os personagens que transformam a vida num buscar desenfreado tanto de prazer como de riscos.Quando rompem com uma ideologia e abraçam outra, vão mergulhar de cabeça no novo território, repudiando a experiência anterior de forma dramática e exagerada.
O temperamento dos que têm Iansã como Orixá de cabeça costuma ser instável, exagerado e até dramático em questões que, para outras pessoas não mereceriam tanta atenção e, principalmente, tão grande dispêndio de energia.São do tipo Iansã, as pessoas que podem ter um desastroso ataque de cólera no meio de uma festa.Ao mesmo tempo que têm carácter cheio de variações, de atitudes súbitas e imprevisíveis, costumam fascinar os que os cercam. Os Filhos de Iansã são extrovertidos e chocantemente directos. A longo prazo, um filho de Iansã acaba sempre por mostrar cabalmente quais os seus objectivos e pretensões.São muito ciumentos, possessivos, mostrando-se muitas vezes incapazes de perdoar qualquer traição. Costumam ser amigos fiéis para os poucos escolhidos para o seu círculo mais íntimo. Um problema, porém, pode atrapalhar tudo: a inconstância com que vêm a sua vida amorosa.Todas essas características criam uma grande dificuldade de relacionamentos duradouros com os filhos de Iansã, não há ética que segure os filhos de Iansã, dispostos a destruir tudo com o seu vento forte e arrasador.

O oráculo


O jogo de búzios tem por finalidade identificar nosso Orixá (Ori=Cabeça (física e astral) + Ixá=guardião); ou seja , problemas de plano astral, espiritual, material e suas soluções". O jogo de búzios é uma leitura divinatória e esotérica por excelência, utilizado como consulta, quer seja; para identificar nosso orixá (ori= cabeça + ixá=guardião), que é a mesma figura do anjo de guarda; a situação material, astral e espiritual, principalmente com relação a problemas e dificuldades.
Portanto de uma forma definitiva - ninguém "fala" ao nosso ouvido, nem Exú e tampouco Oxum, os quais tem forte influência sobre o jogo, mas não desta forma, se assim fosse, não seria necessário jogá-los.
A leitura esotérica divinatória está diretamente ligada à Òrúnmìlà, cujos babalorixás, são seus porta-vozes, outras lendas africanas, mostram a ligação do jogo de búzios com Exú, Oxum e Oxalá. No capítulo destinado à Ifá e Odù, consta essa estreita relação entre Exú e Ifá.
O jogo de búzios é exclusivo dos candomblecistas praticantes e reconhecidamente iniciados.
Os búzios são jogados em número de dezesseis, que correspondem aos dezesseis odús principais, quer sejam: Okaran (Exú), Ejioko (Ogum, Ibeji), etaogunda (Obaluayiê, Ogun), Iorosun (Yemanjá, Oya), Oxê (Oxum), Obara (Oxossi, Logunedé e Xangô), Odí (Omolu, Oxóssi e Oxalá), EgionilO (Oxaguian), Ossá (Oyá, Yewa e Yemanjá), Ofum (Oxalufan), Owarim (Oyá, Ogum e Exu), Egilexebora (Xangô, Oba, Iroko), Egioligibam (Nanã), Iká (Ossain e Oxumare), Obeogundá (Ogun, Ewá eOobá) e Alafia (Orixalá, isto é, todos os outros Orixás funfun). Duas formas são as mais utilizadas, sobre a urupema (peneira (totalmente abolido em ketu)), ou sobre erindilogun (fio de contas), que em alguns casos, nele constam os dezesseis orixás cultuados atualmente no Brasil; igualmente constam desta parafernália: uma otá, uma vela branca, um adjá (espécie de sineta) usado para saudar os orixás, abrir o jogo e convocar o eledá do consulente para que permita uma boa leitura; água; indispensável os fios de Oxalá e Oxum; um coco de ifá; moedas; favas; obi; orobô; um imã; uma fava (semente) especial que represente no jogo o eledá consultado, e fora isso um preparo do babalorixá, e os orôs (rezas) necessários.
A forma de jogo mais usual, é a da leitura por odú, feita pela quantidade de búzios "abertos" ou "fechados", em que o olhador, deverá efetuar várias jogadas para uma leitura mais completa, em alguns jogos, cada queda corresponde a um único odú-orixá.
O porque e para que se consultam os búzios ? Pelo mesmo princípio que se vai ao médico, só vai quem está doente ou para uma avaliação de rotina, da mesma forma, que só toma remédio quem está doente, só se deve fazer algo, se houver alguma necessidade.
O futuro - é grande questão dos consulentes, no jogo de búzios, pode-se fazer "perguntas", cujas respostas não são detalhadas, mas de uma maneira geral é sim ou não, provável e se não fosse assim não haveria babalorixá pobre neste mundo, o futuro a Deus pertence, esta é uma frase sábia que alguém com muita propriedade disse um dia.
O futuro depende muito dos nossos atos presentes, o exercício do nosso livre arbítrio é constante, nada está definitivamente marcado ou decidido, a partir do instante que exercemos nossa vontade, podemos modificar a todo instante nosso futuro; exemplos simples: se alguém fica doente e acha que é o destino, vai morrer, mas, se procurar um médico, vai se curar; o futuro foi alterado; assim alguém que perca seu emprego, se ficar em casa, vai passar fome, se sair e procurar um emprego, terá grande chance de conseguir e novamente alterar seu futuro; e assim com tudo na vida; uma grande questão é que muitas pessoas acham que seu orixá, anjo da guarda ou Deus, tem saber de tudo, das suas necessidades, dos seus problemas e simplesmente resolvê-los, antes assim fosse, porém, mais uma vez é necessário que o nosso livre arbítrio e o nosso querer, tem que ser constante em nosso dia a dia.
Não podemos esperar que as pessoas "adivinhem" ou saibam o que estamos querendo ou precisando, se não falarmos, se não nos comunicarmos, é evidente que se tem uma forma de fazê-lo, sempre podemos dizer o que pensamos e precisamos, mas de uma forma correta, não agressiva, coerente. Sempre temos duas chances em cada situação que nos apresenta, o de sim e o de não, se tentarmos, porém se não tentarmos, só resta o não.
O jogo de búzios, costumo dizer que é uma ciência exata, sabe-se ou não, não cabe meio termo, quem sabe, talvez, ou a leitura é a expressão de uma realidade presente ou não, a forma de checar se um jogo está correto, começa pela identificação do orixá, a cada orixá corresponde um estereotipo de caráter e personalidade ao seu "filho", que ao lhe relatar não pode errar ou fugir das suas principais características, que o babalorixá checa com o consulente, se tudo corresponde, as demais situações do jogo também estarão corretas.
Porém se observe, que um leitor de jogo de búzios necessariamente tem que conhecer sobre as características que os orixás imprimem aos seus "filhos" características estas, que em alguns casos para o mesmo orixá, tem variantes, pela sua qualidade apresentada, ou ainda, difere determinadas características, se o "filho" for do sexo masculino ou feminino, há que se reconhecer uma situação um pouco complexa, e não poderia ser de outra forma, com todas essas variantes é um jogo prostituído, isto é, usado de forma inescrupulosa, leviana, por pessoas totalmente estranhas ao processo, pelos ignorantes que se julgam conhecê-lo.
Com relação ainda à esta situação, é muito comum alguns iniciados ou até mesmo sacerdotes, que não se preocuparam muito com o aperfeiçoamento, estudo mais detalhado, prática exaustiva, incorrem num erro, de conhecer uma pessoa de determinado orixá, e classificar suas características como definitivas para aquele orixá, e sempre que ver alguém com aquelas características, achar que aquela pessoa, também será daquele orixá, generalizando para sempre todos estes casos e situações; o erro: esta pessoa que conheceram, pode estar com o orixá errado, pois quem lhe atribuiu este orixá, não era competente, este é um fato muitíssimo comum.
É uma forma de leitura divinatória, que não massifica, isto é, uma situação vale para muitos, como no caso do horóscopo, mas usada de forma individual, como exemplo, o caso de gêmeos, dois ou mais, nascem no mesmo dia, e no entanto, caráter e personalidade em muitos casos, totalmente diversos.
CONT....
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